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sábado, 12 de maio de 2012

O cenáro que vi I (Reedição)



           (Foto da localidade de Prainha, Nova Friburgo - Rj)
*Nota: Hoje estou republicando neste Blog, este post que servia de arquivo pessoal.
Faz 1 ano e 4 meses, dessa experiência que marcou nossas vidas e as vidas daqueles que viveram
 de perto essa tragédia!



“Parece cena de guerra. O caos no trânsito, a destruição e o desespero das pessoas mostra claramente que o que aconteceu ali não podia ser chamado meramente de natural!”


Dia 16 de janeiro de 2011. A guarda municipal de Macaé foi convocada
a auxiliar com um corpo de voluntários no desastre de Nova Friburgo.
Aceitamos e subimos a serra com um grupo de 20 homens,
a maioria do G.P.A (Grupamento de Proteção Ambiental) ao qual eu pertenço.
Logo na chegada na Serra, já podíamos visualizar alguns deslizamentos em
algumas encostas.
Mas começamos a sentir o clima de destruição ao entrarmos na cidade. 
O trânsito lento, nos fez levar 2:40hs para chegar ao
nosso destino que era um lugarejo chamado Conquista.
O cheiro forte e a poeira atrapalhavam a respiração, por isso tivemos que usar
máscaras quase todo o tempo.
“Parece cena de guerra. O caos no trânsito, a destruição e o desespero
das pessoas mostra claramente que o que aconteceu ali não podia ser
chamado meramente de natural!
(um colega falava com familiares ao telefone)
Chegamos ao lugarejo. Fomos muito bem recebidos pelos moradores locais, que apesar de tanto sofrimento vivido, insistiam em nos acomodar da melhor forma possível.
Foi cedida uma loja grande com água potável e banheiro
que serviu de base p/ nossas operações.
Fazíamos nossas refeições em uma igrejinha evangélica em frente,
que também cumpria seu objetivo ali com muito carinho, que era alimentar
voluntários e desabrigados que ficavam próximo a localidade.
Então fomos para o campo trabalhar.
O cheiro era horrível, uma mistura de odor de cemitério (flores velhas),
com de carne em decomposição.
Descemos em um lugar chamado “Prainha” onde retiramos dois corpos
de crianças, auxiliados por um policial civil perito em necropsia.
Confesso que a imagem ficará durante algum tempo em minha memória.
Apesar de já ter visto muitas coisas trabalhando na rua, nada que abale
mais um pai, do que esse tipo de cena com crianças!
Levamos 4 dias no local. Os outros dias não foram diferentes. Conhecemos
várias histórias de superação e força, apesar do sofrimento de quem foi
atingido pelo desastre, chegava muita ajuda de fora da cidade e até do país.
Não vou esquecer o carinho em que fomos tratados! No meio da dor,
fiz amigos que aprendi a amar e respeitar, até admirar a “força de viver e
recomeçar do zero.”
Um abraço a todos de Nova Friburgo e locais atingidos, Deus abençoe vocês!
Fabiosilms.

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